sábado, 4 de abril de 2009

imperfeito

" Professeur, je ne parle pas très bien français. Je n'ai pas beacoup vocabulaire, alors...". E foi assim que começou mais uma aula. Ele nunca sabia o suficiente. Estava sempre na média. Nem muito , nem pouco. Nem cheio, nem vazio. Nem alto, nem baixo.Nem gordo, nem magro. Nem alegre, nem triste. Era sempre meioalgumacoisa ( sem hífen, agora).
Vivia uma vidinha medíocre, era dominado pela rotina e , como todos dizem, amava as coisas simples da vida.Somente as coisas simples, pois as complexas não compreendia.
Fizera 23 anos recentemente - dizia ser metade da vida. Vivia com dois amigos e tudo dividia. Tivera uma namorada - meio esquisita. Sempre a encontrava : ao meio-dia. Fizera alguns cursos : mas nenhum o preenchia.
Sentia um vazio tão grande, tão devastador, tão absurdamente imensurável que chegava a crer que isto era o que realmente lhe cabia. Ao mesmo tempo que sentia que esse vácuo , na realidade, não existia. Então se contentava em ser meio-realista.
E quanto a meiaexplicação, será que serviria?
Acreditava, ou cria, que para meioentendedor uma palavra bastaria.

Uma bosta de uma palavra bastaria.