Aquela manhã , fria e chuvosa, parecia ser como uma outra qualquer, um dia comum, mais um dia do ano. Ana, e protagonista da nossa prosa, acordou tarde. Acordou e começou a se lembrar da noite agitada que tivera.
Toca o celular:
- E aí guria, onde você está?
- Quem está falando?
- Sou eu sua louca, a Camila!
- Camila..
Eu quero, você quer. Vamos fazer. Vamos. Já esperamos demais. Somos amigas. Nos conheçemos. Eu sempre quis. Viu , e eu sempre soube. Eu disse isso alto? Beijo.Não!Beijo.Cama.
- Cá, te ligo mais tarde.
- Espera.. é que..
Ana estava trans-tor-na-da. Mal se lembrava do que tinha feito. Não sabia como chegou
O quarto está uma bagunça. Há roupas em meio a muito vômito , carteiras de cigarro e litros de destiladas espalhados pelo tapete. Uma ponta jogada em cima do armário e um quarto de doce, perto dos anticoncepcionais.
Vai Ana, me complete. Me mostre o que sabe fazer. Isso, mais rápido. Isso. Cheguem aí. Meninas, fechem a porta. O que eu estou fazendo? O que tem vontade. O que sempre quis. O que eu quero que faça. Hoje eu mando. E quem é você, seu imbecil? Não importa. Nada mais importa.
Que noite foi essa. Que noite foi essa que Ana mal se lembra. Ela tenta esquecer, no intuito de passar por cima , como se nada houvesse acontecido. Ela realmente não se lembra, por estar demasiadamente alterada.
Colocou o tênis. Achou a bolsa. Pegou as chaves. Saiu de casa.
Ana saiu de casa. Perdida em meio a tantos acontecimentos, misturando sonhos, alucinações , desejos do subcosciente e fatos concretos. Misturando alcool com (falsa) felicidade. Colocando pedras de gelo, para tentar cair na realidade. Preenchendo um vazio com bebida, agito, drogas.
Ana vivia a auto-destruição, em forma de diversão. E era feliz. Pelo menos ela gostaria que pensassem assim.