quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A Ponte

Num lugar, não muito distante, existia uma ponte. A população tinha o costume de usá-la de acordo com suas necessidades. Sempre se aproximavam dela, com todo o cuidado, pisando leve como se a mesma fosse feita com cascas de ovos. Experimentavam o terreno, tentando retirar o maior número de informações e captar sensações que a ponte poderia passar.

Muitos se arriscavam sem ao menos saber se era, ou não, seguro atravessá-la. Andavam por ela e não se preocupavam com as possíveis consequências. A ponte, que não é tão ingênua quanto possam estar imaginando, não deixava barato. Sacudia-se toda e derrubava tudo o que achava que merecia ser derrubado.

Mas a final, qual seria a função da ponte? Para muitos a pergunta é tola e a resposta óbvia. Mas não se iluda, meu caro. A ponte, pelo menos a desse vilarejo específico, não servia apenas como elo de ligação entre dois ambientes distintos. A ponte servia , mais e também, como um recanto de oportunidades no qual as pessoas poderiam encontrar um pouco mais de paz e alegria.

Era feia e desgastada. Feita com pedras de meados de 1889, já estava há muito tempo em pé. Dizem que sua finalidade, desde sua origem, foi um mistério. Os primeiros a passarem por ela, disseram sentir uma espécie de energia que não pertence aos seres isentos de matéria viva. Lendas e mais lenda foram criadas para tentar decifrar o mistério da rústica ponte.

Passado tantos anos, ela continuava lá. Firme. Transportando as mais diversas personalidades, os mais diversos sonhos e aproximando , cada vez mais, pessoas da felicidade que almejavam. O que ninguém nunca reparou é que a ponte poderia se sentir mal por ter que carregar tantos pesos sem ao menos ser reconhecida. Reconhecida? Um ser isento de matéria viva precisa sentir algum tipo de emoção? Desde quando? Era isso que pensavam. Pobres coitados, mal sabia que a ela era quem mais ficava feliz quando encurtava as distâncias e proporcionava os melhores momentos para todas aquelas pessoas.

Pobre ponte. Sozinha no cair da noite. Sozinha no nascer do dia. Por mais que passassem pessoas pelo seu caminho, continuava sozinha, sozinha, sozinha... e assim seguia ( ou deixava seguir).

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