sábado, 21 de maio de 2011

rachaduras invisíveis

Crack, fez a imagem. Não só o que ela representava, mas tudo o que nela já esteve. Ao ouvir o barulho, se olham espantados, sabem que não há que ser feito. Por mais que se tente ignorar, a marca vai ficar, vai ficar e vai fazer seu papel: marcar. Deixar o vestígio da quebra.

Cacos.
Caos.
Crack.

Me dê suas mãos, vamos para longe daqui. Vamos em busca do que nos regenere, do que nos torne o que já fomos. Rápido! Não olhe para trás, pode ser que vire pedra e não quero ter que carregá-lo, tão pesado. Tome minha mão, carregue-me em sua inspiração, me leve para longe, mas para tão longe que eu não me lembre como voltar, que eu não sinta falta.

Crack.

Meu rosto! Seu rosto! Estou corado, vermelho vida, vermelho sangue. Vermelho que corre por meu rosto, não posso limpar. Deixo escorrer... não, não tente. Vai ser inútil, deixe escorrer. Escape enquanto há tempo, enquanto esta inteiro, enquanto não se dividiu e deixou pedaços por aí. Me deixe onde estou, vá. Não posso, eu sinto que não devo. Mas vá! Vá para longe! É perigoso, não percebe? Não posso lhe dar ouvidos, preciso ouvir o que sinto, e o que sinto diz: fique.

Crack.

Não tem mais volta.

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