Cada um tem o que merece ou A Dignidade das Massas.

Carolina era uma massa de pão alemã dos anos 30 e estava cansada. Não crescia! Via todas suas amigas serem comidas, e imaginava o dia que isso aconteceria a ela. Sonhava. Imaginava aquelas mãos fortes pegando seu corpinho - frágil e flácido- de maneira sensual.
A pobre Carolina era uma massa extremamente alienada! Vivia em meio a devaneios, alucinações e acreditava que quando ingerida, teria a vida transformada.

Certo dia , enquanto descansava de uma grande noite de amassos – feitos pelo padeiro, logo não davam prazer algum à pequena Carol- esta resolveu que iria mudar, que tomaria uma atitude e que faria de tudo para ser comida.

Começou a atualizar-se sobre alguns temas , pois ouviu um dia alguém comentar que “saber é poder” ,logo foi atrás de referências, livros e autores importantes. Leu Bisnaga Harendt, Hobesbawguete, Pãocoault , dentre outros. A massa, tentou , tentou e tentou crescer . Mas não estava conseguindo!Passaram-se dias, semanas, meses e a massa percebeu que todos os seus esforços de nada haviam adiantado! Começou a pensar em aceitar sua condição de inferioridade em relação às outras. Percebeu que não tinha um diferencial e que por mais que se esforçasse para sair do anonimato – traduza por “ser notada e degustada”- não conseguia. Era insignificante. Pobre Carol, não alcançou seu objetivo.

Alguns dias depois de ter essa epifania – digna de Lispector e Lygia – foi jogada do 6º andar, sem nenhuma dignidade.Espatifou-se . Esmigalhou-se.
Mal sabia a massa que seu valor seria reconhecido ,segundos após sua queda, por seres tão significantes quanto ela: algumas pombas que passavam pelo local.